28.2.07
Aprimora-se a prima
para a labuta diária:
labora de mini-saia.
Belo par de matéria-prima!

Prima-dona prime no ordinatário,
Prima pela qualidade do que presta.
Faz obras-primas em horas extra,
Absorta, no trabalho voluntário.

Quando a Primavera entrar,
Acaso se alterem hormonas,
androsteronas, testosteronas,
Prometo primar pelo esgar.

Há quem rime «quanto mais prima mais se lhe arrima».
 
post(o) por MF às 21:05
27.2.07
Moita, 2003
© Marcos Fernandes
 
post(o) por MF às 20:50
26.2.07
There must be some way out of here,
Said the joker to the thief.
Theres too much confusion
I cant get no relief
Business men they drink my wine.
There plowmen dig my earth.
None of them along the line
Know what any of its worth.
No reason to get excited,
The thief he kindly spoke.
There are many among us,
Who feel that life is but a joke
But you and I we’ve been through all that,
And this is not our fate.
So let us not talk falsly now,
The hour is getting near
And all along the watchtower,
Princes kept the view.
While all the women came and went
Barefoot servatnts too.
Out side in the cold distance,
A wild cat did growl la la la la la
Two riders two riders approaching,
The wind began to howl


All Along the Watchtower, Bob Dylan

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post(o) por MF às 20:29
25.2.07
“Em graça de estado de displicência!…”,
declama o poeta.

“!… Diga o que disser, não há paciência”,
reclama o pateta.
 
post(o) por MF às 22:39
24.2.07
A noite fica abatida com a queda do sol.
 
post(o) por MF às 16:03
23.2.07
Ficar certo de ter aspecto duvidoso.
 
post(o) por MF às 10:20
21.2.07
Apanhei-me desprevenido e pulei,
Que o conforto de partilhar alegrias e manias
É supremo.

“Noque”, noquei; “Posso?”, entrei.
Deu luz verde.
Assomei, intermitente,
Contraído, contra seu despudor,
Retraído, traído em ardor.

Se Amar é entrega, a dor da queda clamava cautela.

Mas…
Se…

Ornatos, os lábios,
Os olhos, sábios,
Petiz, o nariz.

Se ziguezagueiam melenas,
Ao apear-se no cachaço,
Saúdam glúteos austrais.
Desnorte. Lindos. Acho.

Que fazer?

E se o peito é coisa séria.
- P’ra levar a peito, sem drama!-,
Candura se o estudo, se o tanjo.
Sou amigo da mama.

Por fim, o duo de pernas, que tudo ostenta...
… Os encantos de quem as conheça…

Nada a fazer.

Rendido ao belo, a alma entranhou-se-me no pêlo:
Seduziu-me a cogitação,
A empatia até mais não,
O eu de ela que me alucina.

Cai.

Erguer?
Jamais!

(Acto II)

Quando a julguei saber de cor,
Tomava inabalável a reciprocidade em seu cor,
Disse-me “Andor! Vais desta p’ra melhor!”
 
post(o) por MF às 17:24
20.2.07
Minamata,Japão, 1972
© W. Eugene Smith / MAGNUM PHOTOS


De regresso aos dizeres fotográficos, dizem que Gene Smith praticamente levou a melhor agência de fotografia do mundo à bancarrota.
Digo que foi provavelmente o fotógrafo mais zeloso com a sua missão.
Dizia que o W era de wonderfull.


http://www.photobookguide.com/review/w-eugene-smith/minamata/
 
post(o) por MF às 21:37
19.2.07
Regia-se sempre pelos signos. Não mexia uma palha sem consultar o mapa astral. A bíblia de valores era o horóscopo. Chocou a caminho do astrólogo. Com a pressa, falhou um stop.
 
post(o) por MF às 17:05
17.2.07
boa noite meninos não
não levantar da cama
não ir pé ante pé ver os pais ao
quarto diz que eles são quatro foles
agarrados uns aos outros ar
quejando diz que é o amor
ou quejando diz que é
o pai com uma coisinha assim
a meter um recado na caixinha que a mãe
tem diz que não que não é a da
costura que é aquela onde se
guardam os meninos antes de se poder
comprar o berço e eles poderem
nascer para o amor dos seus pais

Alexandre O’Neill, Canção de embrulhar
 
post(o) por MF às 20:10
16.2.07
Ter ouvido o meu barbeiro, mudo, tossir alto.
 
post(o) por MF às 17:29
15.2.07
.Oditnes mes ogla revercse em-uecetepa
 
post(o) por MF às 18:08
14.2.07
Deuteragonista 1- Já são horas.
Deuteragonista 2- Ainda não chegou.
Deuteragonista 3- Será que se esqueceu do encontro anual?
D1- Seria inédito.
D2- Nunca falhou.
D3- E é sempre o primeiro a chegar.
D1- Será que se passou algo?!
D2- Algo Mau?
D3- Algo incapacitante?
D1- Um acidente?
D2- Um assalto?
D3- Uma doença?
D1- Será que se perdeu nas horas?
D2- Perdeu o comboio?
D3- O táxi perdeu-se?
D1- E se ele não aparecer?
D2- Como equacionar o jantar de encalhados sem o mentor do grupo.
D3- Cancelamos?
D1, D2, D3- …
D1- Terá abandonado o clube que fundou?
D2- Terá deixado de ter razões para continuar?
D3- Terá encontrado a cara-metade?
D1, D2, D3- …
D1- Pulha!
D2- Biltre!
D3- Paspalho!
D1- Patife!
D2- Reles!
D3- Traidor!
D1- E o Deuteragonista 4?!
D2- Os dois ausentes…
D3- Estarão juntos?
Deuteragonista 4- Uff… Nem imaginam o que aconteceu ao Protagonista…
D1, D2, D3- Morreu de amores por alguém?
D4- Não. Foi pela falta.
 
post(o) por MF às 17:41
13.2.07
Quem consegue dizer atabalhoadamente à primeira, sem ser atabalhoadamente?
 
post(o) por MF às 20:08
12.2.07
Arachova, Grécia, 1988
© Nikos Economopoulos / MAGNUM PHOTOS


Dizem que há imagens que valem mais que mil palavras.
Digo que há algumas que me deixam sem nenhuma.
 
post(o) por MF às 18:35
11.2.07
Seria mais-que-perfeito, apesar do tempo incerto.
É imperativo, se bem que noutro modo.
Que seja o presente da nossa democracia.

Conjuguemos:

Eu referendo
Tu referendas
Ele referenda
Nós referendamos
Vós referendais
Eles referendam
 
post(o) por MF às 13:57
10.2.07
Ainda não cheguei à PDI mas dou comigo na PDL.
É que a PDS nem sempre me sorri.

Filha da P!
 
post(o) por MF às 12:20
8.2.07
Jovem. Tens entre criancice e 'adultice' ? Procuras uma carreira de sucesso?

Faças o que fizeres não alimentes parangonas como:

- Jovem inglesa morre nos Açores devido ao rebentamento de cinco sacos de cocaína no interior do corpo. O namorado está internado nos cuidados intensivos com overdose semelhante.

- Jovem brasileiro perde a vida no Porto depois de dois sacos de coca terem rebentado no sistema digestivo.

- Cinco jovens portugueses são supervisionados pela GNR em Santiago do Cacém enquanto evacuam quatro quilos de haxixe, sob efeito de laxante.


Ser correio de droga é uma porcaria. Na melhor das hipóteses, as saídas profissionais ficam-se pela cadeia ou pela prisão de ventre.
 
post(o) por MF às 19:11
6.2.07
A pérola é ostracizada ao ser retraíada.
 
post(o) por MF às 22:30
5.2.07
Preceito: comprei uma agenda para deixar de me esquecer de compromissos.

Dúvida: onde é que aponto que tenho que consultar a agenda?
 
post(o) por MF às 19:28
3.2.07
Nova Iorque, EUA, 1946
© Elliott Erwitt / MAGNUM PHOTOS

O espelho devolvia confiança a Maggie. Via-se bela. Mas a contemplação ia além da imagem, submergia no interior, atravessava a razão, e instalava-se na alma. Sentia-se acima dos demais enquanto ego. "Cada qual toma a presunção e a água benta que quiser", diria a sua avó, dama de porte, se ainda estivesse entre os que respiram.

A vaidade de Maggie ficava enclausurada em si. Raro a expunha. Era das que, entre paredes, podia acompanhar aos berros os vinis de Satchmo, despudorada, mas fitava o chão ao atravessar os passeios nova-iorquinos, com pavor do eye-contact. O culto da personalidade era praticado a solo, por Maggie. Sempre dera esgar de escárnio aos que emanavam vaidade mas que, frente ao espelho, não reflectiam mais que aparências.

O desconforto social de Maggie invadia o seu território, local de culto, à média de um Domingo por mês. A família irrompia casa dentro e apenas sossegava envolta à mesa de almoço. Maggie suspirava na iminência de Jeff surgir de rolleiflex em punho, a retratar todo o clã. Não estava para aquilo. Não aguentava a pose enquanto o fotógrafo perseguia o enquadramento das telas que vira em Paris, antes da grande guerra. Para mais, Maggie nunca compreendera o conceito de espelho com memória, apontado a essa caixa que tudo objectiva. Acreditava no mito, recém-secular, de que a fotografia roubava a alma ao retratado. “Foto só da cabeça para baixo. E quanto mais para baixo melhor!”, pensava.

Os pares nunca perceberam a fobia imagética de Maggie. De resto, era incompreendida na maior parte dos pranteios e devaneios. Sentia que apenas aquele ser tosco, com quem partilhava passeios e aconchegos, a entendia. O que, ao comum dos mortais, também era visto com estranheza, tendo em conta os caminhos antagónicos trilhados algures na evolução animal.

O dia da célebre foto foi excepção à regra. Maggie deixou-se retratar a pleno corpo. Vestiu-se a rigor e tudo. Só não subiu a saltos altos, como a dona companheira, que a condição de canídeo não lhe concedia tais voos. De resto, Maggie tinha vertigens.
 
post(o) por MF às 19:03
2.2.07
Era o único romântico original no Grémio Literário.
Enquanto outros plagiavam, ele admitia fazer copy-paste.
 
post(o) por MF às 19:40
1.2.07
Como admoestação propedêutica para qualquer arrazoado, tenha o obséquio de rememorar que nigricórneo é um significante torpemente eloquente.
 
post(o) por MF às 21:53