31.7.09
© Sally Mann
.
.
Há muito que não desvelava os anos. Dizia que tinha, tão só, «idade compreendida», sem entre nem antes nem adiantes.
.
- «Mas compreendida entre o quê?», insistiam.
- «Entre quem começa a compreender e desiste de o fazer», rezingava.
.
Era adolescente, sem dúvida, mas com ganas de maturidade. Os demais toleravam a altivez, já que a viam despontar para o desapontamento de jovem enamorada. Há alguns dias que a ouviam apregoar ais-de-mim, vidas-as-minhas, que jamais se voltaria a apaixonar. Sapiência de curta idade, talvez, ou primeiro rombo no lado esquerdo, intenso por inerência.
.
Ela tinha «andado» com o filho do saltimbanco durante duas eternas semanas e meia, lá desabafou à irmã mais nova, que pouco interesse viu na informação. O rapaz soube que o sexo oposto o conseguia deitar por terra, mas que a arte e o labor, aparentemente, o voltavam a elevar. E, assim, não teve problemas em subir às andas e dali andar para fora quando o circo baixou lonas. Já ela, nas lonas, fez descoberta diferente.
.
- «O amor eleva e parte... Maldito!»
.
E dele mal diria.
 
post(o) por MF às 00:07